2010/11/23

Lançamento do livro "Amor e Sexo no Tempo de Salazar", de Isabel Freire

O lançamento do livro Amor e Sexo no Tempo de Salazar é já dia 25 de Novembro, quinta-feira, pelas 18h30, na Livraria Ler Devagar, em Lisboa. Apresentação de Pedro Nobre, Presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e de Fernanda Lapa, actriz, encenadora e professora na Universidade de Évora. 

2010/05/10

"Fantasia Lusitana"




FANTASIA LUSITANA, um documentário realizado por João Canijo, "retrata a Lisboa dos anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial, em que a cidade era a última fronteira dos refugiados que fugiam da Europa ocupada pelo exército nazi. O filme, construído a partir de imagens de arquivo e jornais de actualidades, integra textos de Alfred Döblin, Erika Mann e Antoine de Saint-Exupéry, lidos pelos actores Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey".
Midas Filmes

2010/05/03

"Escuta Zé Ninguém"


"Não és tu que persegues a “mãe solteira” como uma criatura imoral, Zé Ninguém? Não és tu que estabeleces uma distinção severa entre as crianças “legítimas” e as crianças “ilegítimas?” Pobre criatura, que não entendes as tuas próprias palavras - ou não és tu que veneras o Cristo enquanto criança? Cristo menino, que nasceu de uma mãe que não possuía certificado de casamento? (...) És realmente um desgraçado, Zé Ninguém!"

REICH, Wilhelm, "Escuta Zé Niguém", Lisboa, Dom Quixote, 1981, pág. 40

2010/04/28

E de repente tudo parece diferente...


Bill Haley - Rock Around The Clock (1956) 

One, two, three o'clock, four o'clock, rock,
Five, six, seven o'clock, eight o'clock, rock,
Nine, ten, eleven o'clock, twelve o'clock, rock,
We're gonna rock around the clock tonight.

Put your glad rags on and join me, hon,

We'll have some fun when the clock strikes one,
We're gonna rock around the clock tonight,
We're gonna rock, rock, rock, 'til broad daylight.
We're gonna rock, gonna rock, around the clock tonight.

When the clock strikes two, three and four,

If the band slows down we'll yell for more,
We're gonna rock around the clock tonight,
We're gonna rock, rock, rock, 'til broad daylight.
We're gonna rock, gonna rock, around the clock tonight.

When the chimes ring five, six and seven,

We'll be right in seventh heaven.
We're gonna rock around the clock tonight,
We're gonna rock, rock, rock, 'til broad daylight.
We're gonna rock, gonna rock, around the clock tonight.

When it's eight, nine, ten, eleven too,

I'll be goin' strong and so will you.
We're gonna rock around the clock tonight,
We're gonna rock, rock, rock, 'til broad daylight.
We're gonna rock, gonna rock, around the clock tonight.

When the clock strikes twelve, we'll cool off then,

Start a rockin' round the clock again.
We're gonna rock around the clock tonight,
We're gonna rock, rock, rock, 'til broad daylight.
We're gonna rock, gonna rock, around the clock tonight.

2010/04/26

Ser (Homo) Sexual

 "Vamos falar de Homossexualidade para que dela se deixe de falar quanto antes. 

A sexualidade não é só uma (nem duas, nem três). É tantas quantas as pessoas que a vivem. 

Olhar a Homossexualidade como um vício, ou até como uma doença, é uma superficialidade que começa a tornar-se menos frequente. Mas o caminho até à aceitação pura e simples da diferença é longo ainda. 

Afinal o que está em questão é o quanto custa um ser tornar-se pessoa. Quando o é, tudo lhe é permitido. Até... a heterossexualidade!"

Helena Vaz da Silva, "Ser (Homo) Sexual", Encontros Centro Nacional de Cultura, Organização CNC e Rádio Comercial, Abril e Maio de 1982 

2010/04/22

Foto-novela Crónica Feminina



Quadrícula da primeira foto-novela portuguesa, publicada com imenso sucesso na Crónica Feminina, a partir de Novembro de 1959. 

"Casamento por anúncio" é uma história de amor, claro. Um rapaz rico, namoradeiro, é instigado pelo pai a encontrar noiva no espaço de 30 dias. Lembra-se de pôr um anúncio no jornal. Quem responderá a este apelo?

2010/04/20

Marcel Pagnol

"-Não é doméstica... o que tu serás!
-Então serei o quê?
-Tu serás a patroa! Tu comandarás e eu amar-te-ei..."

Excerto de uma declaração de amor, no filme Manon de Sources, de Marcel Pagnol, aqui!


2010/04/16

"Também a avó foi Menina e Moça"


Quando chegava o verão, os artigos nas revistas enchiam-se de conselhos e considerações sobre as férias. Estamos na década de 50, mais concretamente em 1952. 

Nas publicações da Mocidade Portuguesa Feminina, o tema do fato de banho era... redundante... uma preocupação... muito preocupante. 

Curiosamente, neste artigo da Menina e Moça (Revista da MPF), as férias das avós do início do século XX, pareciam bem mais divertidas, do que os modelitos de actividades e atitudes propostos na época, para as jovens que se queriam "moralmente puras".


2010/04/15

Duas visões natalícias do género


 Crónica Masculina



Crónica Feminina

2010/04/14

"Tirar para fora"



«O meu marido usava camisas, e às vezes tirava para fora. Uma vez o médico receitou-me a pílula, mas outro médico.. mais tarde...disse-me: “Isso não engorda de uma maneira, engorda da outra!”. E eu deixei de tomar. A gente era estúpida, porque realmente devíamos tomar. O acto sexual não se realizava como devia ser... não é? Era mesmo assim, com medo. Tínhamos de ter muito cuidado. A vida era má, para arranjar mais filhos não era bom. Não estávamos habituadas à pílula, foi isso. A igreja também era contra a camisa. Preservativos tínhamos quase sempre em casa e nas outras vezes era a fugir, tirava». 
Mulher, 78 anos, Anónima, vive em Lisboa, mas é de uma aldeia nas Beiras

2010/04/13

"O prazer é irmão do pecado e primo-irmão da culpa"

«Damo-nos ao trabalho de educar a criança a usar com propriedade o talher à mesa, mas fugimos, quando provocados, à obrigação de mostrar-lhe o significado dos seus órgãos reprodutores. 

Há o que quer que seja dolorosamente patético na liga formada pelos pais e mestres, apavorados, no afã de perpetuar a estúpida e criminosa ficção, a mentira mortal de que o prazer é irmão do pecado e primo-irmão da culpa. Até os que lograram escapar aos mais grosseiros resultados da falsa educação sexual ainda se encontram envenenados pelo incómodo sentimento de que alguns aspectos do sexo não são totalmente respeitáveis nem "correctos".
p. 234

Os  pais que encontraram no sexo uma experiência enriquecedora e geradora de alegria, hão de querer dar aos filhos o tipo de orientação que lhes assegure idêntica experiência»
p. 236

BROWN, Fred e  KEMPTON, Rudolf T, "Sexo: Perguntas e Respostas - Guia para um Casamento Feliz; São Paulo, Editôra Cultrix, 1963, 2ª Edição


2010/04/12

Mulheres de calças





Em 1955, a Revista Modas e Bordados (suplemento do Século) exibia mulheres de calças, na capa. O discurso desta Revista (que Maria Lamas chegou a dirigir) é bastante mais liberal do que o das restantes publicações na época. Há artigos sobre o papel da mulher no casamento, no lar, no trabalho, que questionam a vigência moralista da época.

2010/04/08

História da Vida Privada



"Ainda nas vésperas da guerra de 1940 uma mulher do povo respondia, indignada, a uma directora da escola de Chartres [França] que chamava a atenção para o facto de a filha ter passado a ser menstruada: «Tenho cinquenta anos, minha senhora, e nunca me lavei aí»"

Artigo "A Família e o Indivíduo", in História da Vida Privada, Lisboa, Edições Afrontamento, 1991, pág 96

Um excelente livro para ter em casa!

2010/04/07

Córin Tellado


"Tres madres putativas se ocuparon de la educación y del sano ocio de sus hijas, las sufridas mujeres espanolas de la posguerra: Pilar Primo de Rivera, Córin Tellado y Elena Francis.
Pilar (...) dirigía con mano y ademán firme los resortess ideológicos, morales y espirituales a través de la Sección Feminina. Dona Francis, desde la radio, instruía y alertaba a las púberes (...) de los riesgos pecaminosos de la carne trémula y de la defensa - hasta la muerte - de la virgindad; a las casadas les recordaba la indisolubilidad del matrimonio canónico - «paciencia, hija, paciencia» -, soplándoles de seguido una ristra de mesajes publicitarios de sus productos de belleza, mientras que Córin suministraba semanalmente apasionados romances a las muchachas sonadoras que leían - las que sabían leer, que no eran muchas - sus novelas rosa.
Pág 379

He pretendido únicamente llenar un vacío cuando la gente necesitaba de un tipo de literatura de consumo que yo acerté a darle. En aquel momento crucial, había una necesidad porque 
la gente carecía de todo, no había libertad, existía una represión horrible y entonces vino Corín Tellado y les dio aquello que quería el pueblo. Entonces me hice famosa. Ahora no me haría famosa. 

(...)

Había un erotismo oculto, alguna insinuiación. A pesar de la censura, yo no me he quedado con ninguna novela. Siempre he sido maliciosa, bastante audaz y ditíamos que bastante lista. He cambiados lós términos, he insinuado en lugar de decir y he logrado colarlo todo. Fui la primeira escritora que puso besos en una novela en aquella época".   
Pág. 385

VINOLO, Juan Soto, Los Anos 5o, Madrid, La Esfera de los Libros, 2009


2010/04/06

O "Maillot"


Foto de Reportagem publicada na Revista Flama, a 4 de Agosto de 1950 (ano VII, nº 126, p. 24).

Nos início dos anos 50, os «maillots» eram obrigatórios para os homens. Na década anterior, os modelos masculinos tinham ainda uma espécie de saiote à frente para esconder o volume do sexo. São interessantes as histórias que venho ouvindo sobre a praia e o fato de banho. Homens que foram presos por andarem de calções, sem camisa, perseguições a estrangeiros com modelos e atitudes mais libertinas, enfim, a moral e os costumes, na época, não davam descanso a ninguém. 

O discurso da «saúde do corpo e da alma» era quase tão omnipresente quanto Deus. E na Flama deste ano, de Junho a Setembro, a cronista feminina de serviço (Maria de Castro, rubrica "Da Mulher") vira a praia ao avesso, e explica tudo o que se pode e não se pode fazer, no território público de imoralidade, que era a beira-mar. 

2010/03/31

Falar francês e tocar piano


 
"Fiz o curso geral dos liceus, mas já não tive tempo de ir para a universidade, porque casei aos 19 anos. 

Tive uma preceptora de francês desde pequenita, dos 8 aos 12 anos, mas eu ia à mesma para a escola. Era a Dona Henriqueta. Não vivia lá em casa, mas ia-me buscar, passeava comigo. Era portuguesa, mas a família vivia toda em França. Era como se fosse francesa. Foi uma grande amiga que eu tive. Coitada, era viciada em morfina. Sempre a meter no nariz - havia um médico em Castelo Branco, que também era. Não era frequente, mas havia assim uns casos esporádicos. 

A minha preceptora era uma mulher com uma cultura geral fantástica. Íamos passear para o jardim botânico, e ela dava-me lições de botânica. Dava lições de tudo, francês, inglês... o  francês era o meu forte. Os meus sogros (que viviam numa aldeia) diziam ao meu marido: Trazes para cá uma menina que só sabe tocar piano e falar francês. De que é que isso serve, aqui? Passei muito! 
 
Eram muito mal vistas as meninas da cidade. Sabe porquê? Porque os rapazes já estavam muitas vezes destinados às primas, para juntarem as fortunas. Casavam primos com primos e havia muitos tarados, muita gente com doenças de pele. Já estava destinada a que haveria de casar com ele. A rapariga tinha-me um ódio! Quando eu passava batia com as janelas. Era um sarilho. 
 
Quando cheguei fui muito mal vista naquela terra. Depois comecei a cativá-los, fiz amigos do peito, naquela gente do povo. Sabiam que eu gostava de antiguidades e apareciam-me lá com as coisas. Tive saudades daquilo quando me vim embora". 
Anónima, Mulher, 84 anos, Lisboa 

2010/03/30

A sublimação atenuada da líbido


“A [masturbação] das crianças é a mais difícil de debelar, porque as advertências prematuras, as admoestações severas e os castigos corporais, provocam curiosidades e são estimulos difíceis de conter. 
(…) 
Aos pais e educadores compete exercer, com discrição e ternura, uma censura inteligente nêstes casos. As práticas de higiene, que servem tal objectivo são (…): deitar cêdo num leito duro, em quarto fresco, sem aquecimento, de janelas abertas, sem excessivos agasalhos, nem colchões de lã ou de penas; levantar logo ao despertar (…); banhos frios, exercícios físicos; e a exigência dum certo esforço intelectual, interessando as crianças em experiências elementares das ciências, lições de coisas, trabalhos do campo, colecções de plantas ou insectos, etc. Assim, se procura uma sublimação atenuada da líbido".

BRASIL, "A Questão Sexual, Lisboa, Casa Editora Nunes de Carvalho,1932, p.54

2010/03/29

Concordata entre Estado Português e Santa Sé


 7 de Maio de 1940

Celebração da concordata entre o Estado Português e a Santa Sé

Os portugueses casados catolicamente deixam de poder divorciar-se.

 

2010/03/26

Silvana Mangano



Silvana Mangano é uma das referências eróticas de um dos meus entrevistados. Lembrava-se perfeitamente da imagem sedutora da actriz num filme de Giuseppe de Santis, "Arroz Amargo" (1949). 

2010/03/25

Fazer um filho (por gosto)


Em 1969, Simone de Oliveira ganha o Festival RTP da Canção, com o tema "Desfolhada Portuguesa" (letra de Ary dos Santos), onde se diz que "quem faz um filho, fá-lo por gosto". Uma ousadia!

Nos anos 50, a sexualidade da mulher tinha um propósito reprodutivo, apenas. Não se falava sobre desejo, excitação ou orgasmo feminino. Fazer um filho era uma 'obrigação', um 'automatismo', uma 'sequência' do "acto genésico" (assim designado na altura), que para a mulher tinha apenas lugar consentido no "sagrado matrimónio", sem direito (oficial) a muito gozo e em muitos casos, sem direito real a grande escolha.

Quando Simone de Oliveira regressa do Festival Eurovisão (onde cantou a Desfolhada Portuguesa, em representação de Portugal) é recebida em Santa Apolónia por uma multidão eufórica (Vídeo aqui). O momento era histórico para as mulheres (e não só) de um país onde a procriação não estava minimamente associada à noção de prazer feminino.

Olhar para trás, para as décadas de 40 e 50, no nosso país, tem sido uma experiência  alucinante (e muitas vezes chocante), do ponto de vista emocional.

2010/03/23

O beijo na boca


«Eu e mais outros rapazes, algures numa estação de comboios em França, ficámos pendurados na janela, de boca aberta, porque vimos um casal a beijar-se. 
Em Portugal... era quase um crime político! Uma ofensa à moral pública! Nem era preciso polícia para controlar, porque as próprias pessoas se encarregavam de o fazer:
"Desavergonhados! No meio da rua! Isso faz-se em casa! Chamem a Polícia!"»
Anónimo, homem, 83 anos, Lisboa

2010/03/22

"Sacrificar a melhor amiga"


"Uma mulher casada tem restricto dever de não ter umas amiga que o seu marido não estime, e com quem elle não deseje a intimidade absoluta. A desintelligencia de muitos casaes vem d'essa errada comprehensão da obediencia conjugal. Se tu tiveres a melhor, a mais antiga, a mais dedicada das amigas, e que elle não agrade a teu marido, deves sacrifica-la (...).

Dá-te toda, completamente, ao esposo da tua alma; imola-lhe o mundo, as affeições antigas, os gostos, as vaidades de espirito, os prazeres, ainda os mais innocentes do coração, e só depois de haveres feito isso tudo, terás direito a queixar-te a Deus, se elle não corresponder ás esperanças que no seu amor tu puzeste!"

CARVALHO, Maria Amália Vaz de, "Cartas a uma Noiva", 4ª edição, Lisboa, Editôres - Santos & Vieira, 1919, p.127-128

Este livro e mais uma dezena de preciosidades com cerca de 100 anos, encontrei ontem em casa da Marília, a Madrinha de uma grande amiga, e grande ilustradora, Cristina Sampaio. Obrigada às duas pela literatura de gabarito, em matéria de educação para o casamento, sexualidade e papéis de género, na época dos nossos antepassados mais próximos (séc. XIX e XX). Verdadeiras pérolas!

2010/03/16

O discurso de género - perspectiva de professoras


 «A única distinção de que eu me lembro é que a gente não podia brincar com menino. Era restrito a isso: ‘não pode brincar com menino’. Só com menina. A minha mãe não deixava; tinha que trazer as coleguinhas para brincar em casa.

O discurso que segrega meninas de meninos, no depoimento da professora, marca fortemente a sua educação feminina. Esta separação não é avaliada negativamente, nem demonstra, para ela, diferença entre a sua educação e a dos irmãos. Todavia, ao se insistir junto a ela sobre os dispositivos pedagógicos repassados para ela e seus irmãos, admite que a “deles era mais livre; não tinha aquela coisa como tinha com a gente, de segurar. Com eles não. Eles eram mais livres. Também eles começaram a trabalhar muito cedo e sempre ajudavam em casa com dinheiro. Mas era diferente. Eram mais livres”. Após uma breve reflexão, ela observa que a diferença entre a educação para os dois gêneros estava na maior liberdade para os meninos.


(...) Antónia (lisboeta), também afirma que não percebia a diferenciação na educação infantil para os gêneros. No entanto, no campo, ela e as irmãs dividiam as tarefas do trabalho juntamente com os irmãos; porém, em relação às atividades do lar, “eles não faziam as tarefas domésticas, mas nós fazíamos os trabalhos do campo”, assegura.

(…) Fernanda (campograndense) relembra o que se esperava de uma menina de sua época: 

Você tinha que ter bons modos; sentar-se corretamente, falar baixo, não correr e nunca falar palavrão. As unhas tinham que estar cortadas e limpas. Tinha que ter uma higiene perfeita, porque senão poderia depor contra a imagem da menina e dificultar o conhecimento de um rapaz de família que a levaria ao altar. Esperava-se da mulher ser uma esposa dedicadíssima e criar os filhos da mesma maneira em que fora criada

FILHA, Constantina Xavier, in Discursos de mulheres professoras e da imprensa feminina no Brasil e em Portugal - proximidades e distanciamentos, VII Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, 2008, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (Universidade do Porto)

2010/03/11

"Old Homosexual Warning Video"

 


"No one knows when the homosexual is about..." - 60 anos mais tarde, haverá ainda quem insista em misturar duas realidades absolutamente distintas: o homossexual e o pedófilo.

2010/03/10

A Rosa do Adro

"A Rosa do Adro", romance de Manuel Maria Rodrigues, teve imenso sucesso na primeira metade do século XX. 


Sinopse: "Trio amoroso vivido por Fernando, Rosa e António. Rosa, minhota, ama Fernando que a corresponde, mas que foi estudar medicina para o Porto e se toma de amores pela filha da Baronesa de Fontarcada, Deolinda. António ama Rosa e tenta defendê-la do desgosto que Fernando lhe causa. Ao saber dos novos amores de Fernando, António quer vingar Rosa e sova-o violentamente. Mas Deolinda acaba por dispensar o amor de Fernando, decidindo-se este por casar com Rosa. António descobre que é, afinal, irmão de Rosa perdendo por completo o interesse de outrora. O filme tenta retratar as paisagens, os costumes e os traços de carácter nortenhos". 

 A Rosa do Adro foi adaptada para cinema duas vezes, ao longo da primeira metade do século XX. Aqui fica uma cena do filme.

2010/03/05

Sexo pré-matrimonial e contracepção
















 "Nos II inquéritos à população universitária, promovidos pela JUC em 1964/65, no capítulo respeitante ao comportamento sexual, a virgindade é tida como importante para a felicidade do casamento por uma ampla maioria dos inquiridos (77% nos rapazes e 83,4% nas raparigas), situando-se em perto de 90% a percentagem de raparigas universitárias que encaram como “repreensível” ou “perigosa” a actividade sexual antes do casamento. Por sua vez, a maioria dos rapazes (63,6%) consideram o sexo pré-matrimonial, para si próprios, um comportamento “sem gravidade” ou “por vezes útil”, ainda que apenas 26,2% o entendam da mesma forma para as raparigas. No que concerne aos métodos anticoncepcionais, somente 7,2% das raparigas aprovam o uso de todos os meios conhecidos e de resultados comprovados (contra 20,4% de rapazes), enquanto 50,9% apenas concordam com o uso de métodos naturais, como o método da contagem ou das temperaturas. Mais de 40% das raparigas não responderam ou não tinham opinião sobre este assunto."

Miguel Cardina, "Olhares sobre uma ausência: o movimento estudantil no Estado Novo e o feminismo",  comunicação ao Congresso Feminista 2008, Lisboa, 26 a 28 de Junho de 2008. Pode ler-se aqui, no Blog Caminhos da Memória, onde Miguel Cardina é redactor

Imagem encontrada neste site

2010/03/01

"Enxoval"

 
“ENXOVAL”
O filme documentário em que estive envolvida nos últimos 10 meses.
Estreia: 6 de Março, pelas 21h00, na RTP2

Outras exibições:  
20 e 21 de Março (16h00), 
10 e 11 de Abril (17h00), 
8 e 9 de Maio (17h00),  
no Auditório do Museu Colecção Berardo, 
onde Joana Vasconcelos tem (até 18 de Maio) uma exposição retrospectiva ("Sem Rede").


SINOPSE
A vila alentejana de Nisa convida a artista plástica Joana Vasconcelos a criar uma escultura em colaboração com os artesãos da região.

Como evoluíram as expectativas de Joana Vasconcelos e dos artesãos em relação à peça? Como interagiram ao longo deste processo?

O filme acompanha várias fases do processo de construção da obra, retrata o quotidiano de cinco ateliers onde ainda se borda em regime profissional e reflecte sobre a sui generis tradição do enxoval de Nisa.

Na primeira metade do século XX, a aprendizagem feminina dos bordados fazia-se nas mestras, a partir dos seis anos de idade. Ao longo da infância e adolescência, as raparigas trabalhavam afincadamente na concepção de exuberantes peças do seu enxoval, que era orgulhosamente mostrado e vendido na véspera do casamento. Com o dinheiro da venda destas obras bordadas, a noiva comprava – com os próprios meios – a habitação do casal.

Actualmente, as raparigas já não querem aprender a bordar e as laboriosas técnicas de Nisa arriscam-se a desaparecer. Que impacto terá a “Valquíria Enxoval” na vivência e significado sócio-cultural dos bordados, para o futuro desta vila alentejana?

Ficha Técnica:
Autoria: Kitty Oliveira, Pedro Macedo, Isabel Freire
Realização: Pedro Macedo
Direcção de Produção: Kitty Oliveira
Entrevistas e Guião: Isabel Freire
Imagem: Pedro Macedo
Música: Norberto Lobo
Captação de Som: Olivier Blanc / Filipe Tavares
Mistura de Som: Filipe Tavares
Edição de imagem: Micael Espinha
Motion Design: Pedro Rodrigues
Pós-Produção Vídeo: Rough Cut
Produtora: Framed Films
 

2010/02/27

"Bilhete de Identidade"



"Nos anos 50, a sociedade de consumo, a que estamos habituados, era inexistente. Em frente da minha casa, podia ver-se uma carvoaria imunda, onde trabalhavam garotos saídos de um romance de Dickens, um sapateiro que, curvado, punha meias solas nos sapatos ao fundo de um corredor, e uma taberna escura onde velhos escaqueirados esqueciam as amarguras do dia engolindo bagaço ordinário"
Maria Filomena Mónica, Bilhete de Identidade, p 87

2010/02/20

Visão dos cinquentas

 

"Os anos 50 são os anos da grande hipocrisia social e familiar"
Cecília Barreira, entrevistada por Isabel Freire, em Fevereiro de 2010

2010/02/17

"O que os jornais não disseram"


Na rubrica "O que os jornais não disseram", d'O Século Ilustrado de 14 de Janeiro de 1956, noticiavam-se as seguintes breves:

"Sir Archibald McIndoe, o mais famoso cirurgião plástico de plástica facial do Mundo, regressou a Londres após uma estadia de dois meses nos Estados Unidos. Declarou que o objectivo da suas viagem fora o de «aprender»".

"Saud, rei da Arábia Saudita, é pai de quarenta filhos do sexo masculino".

"O jóvem rei do Iraque, Feisal, vai casar com a princesa Lala Aicha, filha mais velha de Ben Yussef, sultão de marrocos. A princesa é conhecida pelas suas teorias modernistas e horror aos preconceitos". 

2010/02/14

Função reprodutora

 "A classe médica não tinha preocupações com saúde sexual. Entre o médico e a doente a palavra sexual não se repetia muitas vezes. Não era bonito falar em sexualidade. Era uma questão muito íntima, não se colocava, sobretudo à mulher. Muito raramente havia doentes a expor problemáticas da sua sexualidade. Isto estava de acordo com o Regime e a Igreja (que foi e continua a ser uma das forças contra a sexualidade e o planeamento familiar). 
Na altura, casava-se para se ter bebés, não era para ter uma vida sexual, com prazer. Isso era tabu. E falava-se apenas nas criancinhas, na função reprodutora"

Dra. Purificação Araújo, Médica Obstetra, em entrevista a Isabel Freire, em Janeiro de 2010

2010/02/13

Maggi

 

Um excelente filme de animação para comemorar os 120 anos da culinária com tempero, aqui!

2010/02/05

Sífilis

Era uma vez a Sífilis... (aqui está um vídeo imperdível)


2010/02/04

"Diário de uma Criada de Quarto"


 Em 1964, Buñuel  adapta para o cinema "o romance de Octave Mirbeau, Journal d'une femme de chambre, transportando para a década de 1930 a atmosfera decadente da história, em que uma criada de quarto (Jeanne Moreau) se submete aos caprichos fetichistas, mas inofensivos, do patrão velho (doido por botinas), e resiste tenazmente ao assédio sexual do exasperado patrão novo (Michel Piccoli), acabando por se casar com um criado pedófilo, assassino e reaccionário".
in Wikipédia 

Aqui está um trailler magnífico, com a própria Jeanne Moreau a falar da obra!

2010/02/02

"A Pastilha que mudou o mundo"

"Foi em 23 de Junho de 1960 que a Food and Drug Administration (FDA) autorizou a comercialização da pílula anticoncepcional, após alguns anos de experiências, nomeadamente em mulheres porto-riquenhas. Talvez este organismo americano não soubesse mas acabava de colocar em marcha aquela que seria, provavelmente, a maior revolução de costumes do século passado"

Excerto do artigo "A Pastilha que mudou o mundo. Pílula faz 50 anos", de Jorge Massada, no site do Ciência Hoje (anuncia-se um fórum, com histórias contadas na primeira pessoa)

2010/01/22

Playboy Novembro de 1955



"Entretenimento para homens"

2010/01/20

Iniciação sexual dos rapazes





"Nos anos 50, havia na tropa uma cultura orientada para a iniciação sexual dos rapazes (...) nas prostitutas. Era propedêutico, pedagógico... para se chegar à noite de núpcias e se começar logo a fazer como deve ser [risos].  Onde houvesse quartéis, havia enxames de casas de prostitutas nas redondezas. ".
Professor Moisés Espírito Santo (sociólogo/etnólogo), em entrevista a Isabel Freire (Janeiro de 2010)
 


Ilustração: José Vilhena, Revista O Mundo Ri, número 135, Novembro de 1964. Encontrada aqui

2010/01/18

Vogue 1950





Em 1954, celebra-se o ano Mariano, em Portugal.
Virgem e Mãe, Maria é um modelo a seguir. 


"O culto mariano funda-se sobre a admirável decisão divina de ligar para sempre, como recorda o apóstolo Paulo, a identidade humana do Filho de Deus a uma mulher, Maria de Nazaré". 

2010/01/15

TV - "A ponte para o mundo"



A televisão, uma das novidades electrodomésticos dos anos 50. O frigorífico foi outra...  
Foi há tanto e tão pouco tempo, afinal.

Um site com dicas para as Fadas do Lar dos nossos dias. Uma das grandes diferenças é o anúncio da "Ordinarices", com receitas afrodisíacas.

2010/01/13

"35 anos depois, as feministas voltam ao Parque Eduardo VII"



"No próximo dia 13 de Janeiro, a UMAR celebra os 35 anos da primeira manifestação feminista, em Portugal, convocada pelo MLM (Movimento de Libertação das Mulheres) com uma concentração no Parque Eduardo VII.

A UMAR apela à participação de todas as pessoas que querem lembrar um feminismo silenciado no passado e celebrar os feminismos que nos ajudarão a fazer as revoluções do presente!

Esta iniciativa recordará este momento histórico e assinalará o local como um dos futuros pontos dos Roteiros Feministas na cidade de Lisboa.

Às 12.30h juntemo-nos às feministas no canto superior direito do Parque Eduardo VII, frente ao n.º 28 da Av. Sidónio Pais.

Vamos levar uma peça de roupa roxa, colorir o Parque de feminismos, ouvir as histórias das feministas que se manifestaram naquele local, em 1975, e conviver ao som de música feminista!"


UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta
Rua de S. Lázaro, 111, 1º
1150-330 Lisboa
Telef. 218873005 | Fax 218884086
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2010/01/10

88 anos depois... o casamento homossexual é aprovado em Portugal






“(...) o amor homossexual é inteiramente comparável ao heterossexual: possui os mesmos transportes nas apaixonadas declarações e nas cartas que subscrevem com o clássico Tua, sempre tua... (...)”.

MONIZ, Egas, A vida sexual, fisiologia e patologia, Vª edição, Lisboa, Livr. Ed. Casa Ventura Abrantes, 1922, p. 432


Foto encontrada aqui
Bashasha (left) and a friend.
Studio Shehreadze, Saida, Lebanon, late 1950s
Hashem el Maadi 

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