2009/10/30

Reivindicações sexuais



"Em princípio (e nalguns casos de facto), casava-se por amor e, teoricamente, então, não deveria haver problemas na relação sexual. Porém, todos sabemos que não é assim e a falta de uma educação sexual - tanto por parte do homem como da mulher - fez-se sentir (e ainda hoje se fará), agravada por inibições e proibições sociais que ainda não foram ultrapassadas. Nos anos 50, em Portugal, a maior parte das mulheres não estava preparada para fazer muitas reivindicações sexuais, dentro, e muito menos fora, da família. 
Tanto quanto me lembro, as mulheres queixavam-se, acima de tudo da infidelidade dos maridos. Os homens iam para os cafés ou para os bares para se encontrarem com amigos ou com mulheres «de vida fácil», cuja companhia preferiam às esposas. Os homens também não tinham muito por onde escolher: havia o grupo das mulheres «honestas» com quem era preciso casar, e as «outras». Nos anos 50, quando surge o rock and roll e a Brigitte Bardot se despe no ecrã, o panorama social português era bastante este".

Excerto do depoimento de Ana Hatherly, no livro da investigadora Cecília Barreira, Confidências de Mulheres, Lisbo, Editorial Notícias, 1993

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